sexta-feira, 13 de junho de 2008

A cidade do sol

A lista de horrores já soa, a esta altura, familiar. Meninas proibidas de ir à escola e condenadas ao analfabetismo. Mulheres impedidas de trabalhar e de andar pelas ruas sozinhas. Milhares de viúvas que, sem poder ganhar seu sustento, dependem de esmolas ou simplesmente passam fome. Mulheres com os dedos decepados por pintar as unhas. Casadas, solteiras, velhas ou moças que sejam suspeitas de transgressões - e tudo o que compõe a vida normal é visto como transgressão - são espancadas ou executadas. E por toda parte aquelas imagens que já se tornaram um símbolo: grupos de figuras idênticas, sem forma e sem rosto, cobertas da cabeça aos pés nas suas túnicas - as burqas. Quando o Afeganistão entrou no noticiário por aninhar os terroristas que bombardearam o World Trade Center e o Pentágono, essas cenas de mulheres tratadas como animais voltaram a espantar o Ocidente. Elas viviam em regime de submissão absoluta havia muito tempo, mas a situação ficou ainda pior desde que a milícia Talibã tomou o poder no país, em 1996.

essa semana acabei de ler o "A cidade do sol" do autor do caçador de pipas. uma tristeza muito grande tomou conta de mim, esses 3 dias que li o livro, um dos sentimentos mais insistente era a incapacidade, me sentia incapaz, tão incapaz quanto aquelas mulheres.

as vezes é difícil para mim tentar imaginar que possa existir tamanha violência, é difícil de acreditar que existe um lugar na terra, com pessoas capazes de tratar um ser com tanto desprezo e horror em nome de um Deus e de leis q nem eles mesmo sabem mais o que significa.

em algum lugar dentro de mim, sinto que nosso país não está tão longe de algo assim...o que é uma pena. Nesses 3 dias me senti cansada, triste, revoltada, até solitária em minha alma. e penso que não é tão diferente ser mulher aqui no Brasil como lá no Afeganistão. não consigo ver tanta diferença, talvez o casamento seja a diferença maior, porém quanta violência, quantos maus tratos a mulheres e crianças.

olhe o rosto dessa mulher, procurei nesse rosto um sinal de felicidade de contentamento, alegria, e encontrei apenas o que lhe foi tirado nessa vida, sua própria vida. as vezes chego a pensar que nós reclamamos demais de nossa própria felicidade e que sim de certa forma somos muitos felizes.

Respeitem seus pais, os mais velhos e os menos valorecidos, por trás de suas rugas e roupas surradas existe uma vida.

5 comentários:

Anônimo disse...

Não pactuo da tua idéia de que não vivemos num país tão diferente assim do que descreveu, não li o livro, portanto, não poderia expressar uma opinião com base em letras tuas conhecidas e pra mim apenas imaginadas.
Mas aqui, temos opções, falo de um país onde os que verdadeiramente querem, conseguem alguma coisa, a mulher tem liberdade para ir e vir, e se submete se for opcional.
Também existem leis que nos protegem e de forma geral, não gosto de feminilismo, acho que todo radicalismo é pernicioso, nos faz mais mau que bem.
Esses países são tradicionalistas e as leis que os regem são completamente opostas as nossas, não há como, tendo nascido aqui, aceitar-lhes os costumes.
E não vou entrar em discussão sobre pontos de vista, sobre costumes, pois que seria bobagem nossa...
A felicidade, por mais ingênua que eu possa soar, pra mim, é um estado de espírito, podemos encontra-la nas menores coisas, ou nas mais improvaveis, ou optamos por nunca encontra-la.
Conheço pessoas que fizeram essa opção, e por mais motivos que possam ter para sentirem-se felizes, não conseguem, pois buscam a felicidade no exterior, em conquistas, em ilusões, e então, resta-lhe apenas a tristeza intrínseca.
Façamos, pois, da felicidade uma constante, um exercício, e vejamos a beleza até mesmo no menos belo.
Vejo nesse rosto que escolheu, a beleza dos anos que viveu (bem ou mal) e que sobreviveu a todos os reverses que lhe aconteceu.
Vejo beleza nas rugas, marcas inequívocas de tantas experiências, e da-me vontade de abraçar e acalentar.
Viu? sou uma romantica-compulsiva... rs...
Adorei o teu texto, e deixo beijos a ti.

Andréia Lino disse...

lindas palavras

só falo em relação as mulheres brasileiras, por que vejo essa realidade aqui mesmo onde moro, vejo mulheres sofrerem humilhações, surras e torturas pelo simples fato de não ter como se sustentar e aos filhos, por não terem onde morar e acabam continuando servindo aos maridos e vivendo em condições precarias apenas por comida e um lugar para viver com os filhos, infelizmente é real, não falaria se não visse. e aconselho ler o livro, q é de uma beleza impar, apesar de muitas coisas q para uma mulher é dificil de aceitar, não sei o ponto de vista de um homem (até gostaria de saber) eu pessoalmente JULGO que nessas regiões e religiões não exista ato sexual e sim estupros. brigada de coração por ler isso. não sei se alguém mais leu, porém uma opinião só já me alegrou o coração.

brigada querida >.<

bjos

Joseph Pulikotil disse...

Very beautiful lady!

Have a good day!

Agda Gabriel disse...

Eu acho que vc está coberta de razão, talvez não soframos tantos abusos,tanta violação, mas somos tão desvalorizadas quanto. Fiquei curiosa e vou ler o livro. Se houve alguma satisfação na vida desse rosto, há muito que foi esquecida. Grande abraço

Anônimo disse...

poxa, chocante viu =/ inadmissível, porém real, meu Deus! em q mundo se vive! a gente reclama, mas como diz a música: "do inferno é q se ver o paraíso"... parabéns pelo post!